sábado, 2 de maio de 2009

Caminhando para o Noroeste

Voltando pra casa, amanhecendo, eu dissipava os passos desde que saí daí. Eu caminhei e em pouco tempo rastejei, procurei ideias que diziam ser verdadeiras, abençoei o mundo caminhando para o noroeste. Mas tudo que eu desejava era não sentir algo tão forte, eu desejava não saber demais.
Eu senti medo, fui percebendo que a tinta se escorria no amanhecer, ia se tornando um objeto secreto, interrompendo meu desejo de seguir em frente. Eu imaginei seus lábios nos meus e no mesmo instante, tudo ficou quieto, apareceu anjos e eu fiz poses pra eles, apareceu o diabo e eu o encostei e seria tudo tão frágil ? Mas parei, vi que precisava de você, meus pensamentos já eram contra minha mente, e minha vida, foi se tornando inquieta e deixei-me levar pela manhã que ia se tornando tarde. Fui afogando minha solidão por olhos cinzentos, pulsantes, esperando alguma criatura fraca para menospreza-la e perder seu pequenino espaço. Resisti, escondi em abrigos meu estranho ser, contei as estrelas que se formavam no fim da estrada que logo iam se perdendo no entardecer daquela terra seca, inexorável e esquecida por muitos que um dia foram pássaros e voaram sob aquele vale que hoje resta apenas seu eco. Então os dias foram embora, eu os escutava mais não os intendia.
Não era sobre mim, não era sobre eles nem sobre ela, era apenas um tempo que voava em branco no tempo. Suicidei meu próprio sabor de estar vivo, esqueci as trágicas palavras abençoadas por órfãos suicidas e quando a lua ressurgia, fingi que tudo em volta era uma mentira, fingi que todas minha memórias eram fantasias, e, tudo que eu desejava era não sentir algo tão forte, era não saber demais.

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